Drauzio – Como a maconha age no corpo de quem fuma?
Anthony Wong – A maconha é extraída de uma planta de origem oriental, cujo cultivo se espalhou pelo mundo inteiro. Existem relatos muito antigos a respeito de sua existência na China, na Europa e nas Américas.
A Cannabis Sativa (nome científico da maconha) produz o THC (tetraidrocanabinol), cuja ação se manifesta basicamente no sistema nervoso central. Trata-se de uma substância alucinógena, depressora do sistema nervoso, ou seja, que não é estimulante, mas altera as reações das pessoas. Muitas delas, depois de terem fumado um baseado e sob o efeito do THC, são capazes de cometer um assalto, porque perderam o controle sobre a inibição dos gestos violentos e, em seguida, dormir profundamente.
Drauzio – Maconha vicia?
Anthony Wong – Muita gente diz que maconha não faz mal e não vicia. Afirma que a dependência é apenas psicológica e que, portanto, o usuário consegue abandonar a droga quando quiser.
Quem pensa assim está enganado. Maconha vicia, sim. No meu consultório, atendo adolescentes levados por pais preocupados com o fato de os filhos estarem fumando maconha. Embora nenhum desses adolescentes se considere viciado, a todos proponho o mesmo desafio: 90 dias sem fumar um único baseado sequer. Como controle, a cada quinzena devem fazer um exame para verificar se há ou não traços de canabinol na urina. Nunca houve um que apresentasse resultado negativo. É claro que depois de certa idade, alguns trocam a maconha por outros interesses, mas infelizmente alguns a substituem por drogas mais pesadas.
Drauzio – O cultivo da maconha está espalhado pelo mundo. A região em que a erva é produzida influi nas características da droga?
Anthony Wong - É bom lembrar que assim como existe uísque bom e ruim, a maconha também admite gradações na sua qualidade. A brasileira, por exemplo, é uma das piores do mundo.
Para ser considerada de qualidade, a maconha deve conter de 3% a 4% de THC e, nesse caso, pode provocar alucinações e desmaios. Em termos de lesão cerebral, o problema não costuma ser dos maiores. Por exemplo, o haxixe cultivado no Oriente Médio possui de 7% a 8% de THC e seu efeito é muito mais profundo e devastador.
Outra espécie cultivada de maconha, o Skank, possui teores de até 40% de THC. Essa literalmente frita o cérebro. Na verdade, a ação do Skank é semelhante à do LSD, droga que sabidamente acaba despersonalizando as pessoas. Parcela significativa dos que usam esse tipo de maconha não consegue retornar ao mundo real. Não é que sejam esquizofrênicos, mas a intensidade do estímulo é tão intensa que os danos tornam-se irreversíveis.
http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/896/drogas-ilicitas/pagina2/efeitos-do-thc
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