quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Quem defende sua liberação escorado em muletas científicas capengas




Fácil de cultivar e de encontrar, relativamente barata, capaz de dar um “barato” legal, amparada por quem defende sua liberação escorado em muletas científicas capengas, a maconha sai destruindo e detonando tanto quanto suas congêneres tidas como mais barra pesada.
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O cigarro é prejudicial porque pode, além de matar quem fuma, matar quem não fuma. O álcool é problema de saúde pública em vários países (Ucrânia e Rússia, por exemplo, onde o hábito de se derrubar uma garrafa inteira de vodca, em goles únicos, é uma instituição). Mas, de longe, nenhuma dessas duas drogas causa tanta polêmica e discussão como a maconha. E tudo porque suas ações no organismo podem ser defendidas tanto por quem a estima como por quem a detrata. Quem ousa defender o cigarro com argumentos científicos sobre suas benesses? Pesquisadores ingleses tentaram e foram quase apedrejados. Com o álcool, o máximo que se pode dizer em seu benefício é que pequenas ingestões de vinho podem auxiliar o ritmo cardíaco (o chamado bom coles-terol). Passou disso, as defesas só se escoram nos tamancos emocionais que essas duas drogas proporcionam. Com a maconha é diferente. Suas propriedades terapêuticas são há muito tempo estudadas. E esse é o ringue em que se batem os contendores.
Para começo de conversa, ninguém usa espontaneamente a maconha por causa de suas propriedades terapêuticas. Usa porque gosta, já que ela induz, conforme o estilo de uso, a um estado narcótico que propicia ao usuário a fuga da realidade. Seja porque motivo for. Se ela beneficia alguma coisa no organismo do sujeito, o faz por tabela. Da mesma forma, a pessoa que bebe não o faz porque é bom para o coração. Faz porque gosta e, a depender dos tragos, também para dar uma escapadinha sabe-se lá para onde. A maconha está entre as primeiras drogas ilícitas a serem consumidas, até porque está presente no cotidiano do homem desde priscas eras. Ela aparece no Pen Ts’oo Ching, texto medicinal de origem chinesa, considerado o mais antigo do gênero no mundo (6.000 anos atrás), onde é indicada para asma, cólicas menstruais e inflamações da pele. Daí se pode aferir que a celeuma em torno de suas propriedades – nar-cotizantes e medicamentosas – são antigas.
Uma vez que surgiu nesse texto chinês, tudo indica que fazia parte do herbário do imperador Nung, da China, há quase 5.000 anos. Outro tratado chinês de 2.000 anos indicava seu uso como anestésico em cirurgias. Já na medicina Ayurvédica da Índia, a maconha é recomendada como hipnótico, analgésico e espasmolítico. No Brasil, seus primeiros registros “medi-camentosos” são desse século. “Os que propunham o uso médico da maconha não apresentam nenhuma novidade pois, na primeira edição da Farma-copéia Brasileira, de 1929, a sua monografia incluía, junto com o extrato fluido (solução), o pó e a tintura (solução alcoólica) de cânhamo indiano (cannabis)”, afirma o Dr. José Elias Murad, em seu livro “Maconha: A Toxicidade Silenciosa” (Editora O Lutador, 1996, 250 págs.). Ele estende o assunto afirmando logo a seguir: ” Já na segunda edição editada em 1959, ela foi retirada porque os especialistas da época julgaram-na sem nenhum valor tarapêutico”.  Içami Tiba  escritor , médico terapeuta

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